Um mês após o desaparecimento de três cobradores, e do credor de uma dívida de terras, em Icaraíma-PR, o advogado de defesa dos suspeitos afirmou que seus clientes são inocentes e que sequer estiveram no local indicado pela polícia como cenário do suposto crime de h0m1cídio.
O advogado Renan Nogueira Farah, que atua em Americana (SP), foi contratado por Antonio Buscariollo, 62, e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, 22, em 12 de agosto, sete dias depois do registro dos desaparecimentos na delegacia de Icaraíma. Pai e filho estão com prisão preventiva decretada e permanecem foragidos.
Em entrevista, Farah relatou que só nesta sexta-feira, 5, teve acesso aos autos da investigação, após ingressar pedidos feitos ao juízo de primeira instância, ao Tribunal de Justiça do Paraná e ingressar com uma reclamação constitucional no STF (Supremo Tribunal Federal). “Os documentos foram liberados agora no final da tarde, às 17h. Ainda não consegui ler tudo”.
O advogado justificou a fuga de pai, filho e de pelo menos outros oito familiares como medida para preservar a vida da família. “Todos tiveram que abandonar suas casas e pertences porque estavam correndo risco. Já tinham recebido ameaças pesadas de pessoas que se identificaram como próximas dos cobradores”, afirmou.
Em visita recente à propriedade rural no distrito de Vila Rica, a reportagem constatou roupas ainda no varal de uma das casas, sinal de que a saída ocorreu às pressas. Farah afirmou que manteve reunião por chamada de vídeo com os acusados e, em um primeiro momento, chegou a considerar uma linha de atuação baseada em legítima defesa. Nessa hipótese, Antonio e Paulo Ricardo teriam m@t@do os cobradores Robishley Hirnani de Oliveira, 53, Rafael Juliano Marascalchi, 43, e Diego Henrique Afonso, 39, além do produtor rural Alencar Gonçalves de Souza, 36, para se protegerem.
Contudo, o advogado disse ter descartado essa tese após ouvir os clientes. “Recebi informações suficientes para sustentar que eles não estavam no local apontado pela polícia como cena do crime, e isso poderá ser comprovado por extratos telefônicos, entre outros elementos”, declarou. “Os meus clientes disseram que só mantiveram contato com os desaparecidos na segunda-feira, 4, e que não chegaram a ter um segundo encontro”.
O advogado afirmou ainda não saber o paradeiro dos acusados. “Eu pedi para não saber, porque essa informação não é importante para a defesa neste momento. Meus clientes correm risco de m0rt&. As ameaças estão acontecendo”, disse, acrescentando que também foi alvo de ameaça nesta sexta-feira, 5. “Quem hoje ameaça tanto a família quanto a mim estavam satisfeitos com o caminho que as investigações estavam tomando”.
A polícia, por sua vez, localizou notas fiscais de supermercado em Americana, cidade onde reside parte da família Buscariollo. Os documentos mostram compras em grande volume, realizadas em 6 de agosto por Carlos Henrique, outro filho de Antonio.
Entre os itens adquiridos estavam alimentos, bebidas alcoólicas, energéticos e repelentes. Para os investigadores, as compras poderiam ter abastecido a família após a fuga de Icaraíma. O advogado, porém, rebateu. Segundo ele, Carlos Henrique estaria abrindo um bar, e as mercadorias seriam destinadas ao novo negócio.
Ao final da entrevista, Farah disse acreditar que os cobradores possam estar vivos. “É preciso entender a vida que eles levavam, até por conta do trabalho que exerciam.” Sobre o contratante da cobrança, o produtor rural Alencar Gonçalves de Souza, limitou-se a questionar: “Pois é. Fica a pergunta.”
(Fonte – www.gmconline.com.br)

